quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

8º Episódio


Veja desde o primeiro episódio http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"vingança"

“Quem é você senhorita?”. “Não interessa. Tenho visto você por ai, investigando e pagando de bonzinho, mas nunca chegando a conclusões”. “Eu cheguei a conclusões sim. Eles esperam livrar a vila de gerações futuras dos pobres e sem linhagem. Acreditam numa purificação canibalesca e querem me matar desde que voltei para esta terra.”

Ela baixa a guarda e começa a conversar comigo. Nós nos afastamos daquele ritual grotesco com crianças morrendo e vamos para meu acampamento provisório. Sinto que ela ganha confiança em mim a cada palavra. Percebo que nós partilhamos de um mesmo objetivo.

Com um aceno e assobio pessoas tristes e mal-vestidas começam a aparecer e diferenciar-se do preto escuro da floresta à noite. Ela parecia liderar o “movimento” ou o que seja. Ela pronuncia palavras e idéias que inspiram os “participantes”. Corajosas as palavras eram, mas incitavam ações tolas. Eles planejavam algum tipo de ofensiva contra os purificadores.

O olhar da líder sugeria que eu ajudasse nas táticas. Faço planos, apesar de saber que minha experiência de batalha se limita ao básico e braçal. Teoricamente, invadiríamos a reunião e usufruiríamos assim do fator surpresa e do maior número. Faces sedentas por vingança apresentam-se diante de mim.

A movimentação começa. Os sentinelas inimigos avistam tochas brilhantes entre as árvores. As ações dos encapuzados evidenciam a nossa burrice em usar iluminação. Algo parecido com uma batalha tem início. Sangue para todo lado. Dentes, ossos, orelhas e braços enfeitam o chão.

As espadas e armas reforçadas dos adversários definitivamente são superiores aos porretes e facas de cozinha dos nossos soldados. Porém o sentimento de vingança e de “nada a perder” certamente sobrepõe o medo e o cagaço dos encapuzados. Estranhamente aquilo me confortava. A batalha sempre foi meu lar, nada mudaria isso.

A ausência das pessoas que realmente me protegem incomoda minha paz de espírito. Linda, o Açougueiro e Dália fazem falta no calor momentâneo de uma batalha, assim como faziam meus companheiros mortos na Cruzada da qual participei. A distração quase custa uma orelha, revido com uma espadada no olho. Glorfinder sempre ao meu lado.

A insanidade dos meus companheiros se intensifica. Após uma vitória significante eles se dirigem para o centro da vila gritando “olho por olho, dente por dente”. Eles iriam matar os filhos dos ricos. E aquilo eu não poderia permitir.


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