segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

7º Episódio


Veja desde o primeiro episódio http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"espreita"

Eles trazem tochas. Com o espaço iluminado, percebo vultos fugindo para a floresta. A mesma roupa de sempre, o mesmo capuz de sempre. O dono da costela perfurada ia devagar. Uma flecha atravessa o torço dele. Ele cai no chão. Aproximo-me para tirar o capuz. Encontro algo antigo. Um sorriso familiar. Um sorriso que cortou o pescoço de minha mãe.

Um golpe certeiro destrói aquela lembrança triste. O maxilar fica todo desfigurado. Mais um fantasma do passado fora do caminho. Começo a pensar que não há ideologia nesse grupo, apenas carnificina e canibalismo. Nos bolsos do antigo assassino encontro o de sempre, ouro, um pequeno brasão.

No bolso de dentro encontro um “lanchinho”. Aquilo que parecia ser um fígado humano está bem passado. O cheiro é nauseante. Posso distinguir umas mordidas. Urgh. Penso em vomitar. Isso me mostra como frágil estive nesses dias. A nostalgia me muda constantemente, para uma versão mais suave da minha mente.

Explico para Dália o verdadeiro motivo da minha vinda. Ela se recusa a acreditar que aquela era sua filha. Ela não chora, apenas tem certeza que não é sua filha. Aquela relutância me preocupava, já que a menina realmente era a filha dela.

Os purificadores já perceberam minha presença. Resolvo forjar uma viagem. O açougueiro, Dália e Linda espalham que eu fui embora. Refugio-me na floresta. Nas viagens em que necessitei a natureza pôde me oferecer tudo que eu precisasse, dessa vez não seria diferente.

A movimentação na área aumenta. Posso registrar mais e mais pessoas com capuzes. Mais até que o tanto de habitantes da vila. Dália faz visitas. Sua necessidade por sexo é regular. Não sei como ela vê esse ato suave, mas sei como eu vejo, sei o que significa para mim, o que é alguém me amar apesar do meu passado.

Começo a traçar a rotina dos participantes dessa falsa seita. Começo a traçar o perfil das crianças seqüestradas. Filhos de prostitutas, filhos de famílias de baixa renda, filhos de criminosos pobres. Consegui interceptar um participante. Escondi seu corpo embaixo de galhos. Encontrei um bilhete escrito “Reunião hoje depois do pôr do sol, vamos unir forças para concluir o nosso objetivo, limpar a Escócia do sangue-ruim”.

Resolvo comparecer a reunião. Coloco a vestimenta e vou para a vala aonde sempre iam várias pessoas. Lá, mantenho meu disfarce e não quebro a homogeneidade de capuzes e roupas pretas. O que vejo não me surpreende e me surpreende ao mesmo tempo. Sabia há tempos o que acontecia, mas não esperava naquela intensidade. Naquele momento algo toca minhas costas. Era uma adaga. “Não se mexa ou eu corto seu pulmão fora. Não duvide de uma escocesa que perdeu seus filhos.”






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