sábado, 10 de janeiro de 2009

Obrigado =D


Obrigado por lerem o "Inverno Contraste", não sei se cheguei no nível de intensidade que gostaria ou que vocês esperavam, mas eu me esforcei ao máximo nesse conto e sem vocês, não teria tanta vontade de escrever =}





PS: A Camila fez uma tatuagem de henna do IC *_*
V
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1º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html
2º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/2-episdio.html
3º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/3-episdio.html
4º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/4-episdio.html
5º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2009/01/5-episdio.html
6º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2009/01/6-episdio.html
7º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2009/01/7-episdio.html
8º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2009/01/8-episdio.html
9º Episódio--http://invernocontraste.blogspot.com/2009/01/9-episdio-e-ltimo-d.html

9º Episódio (e último ;D)



Veja desde o primeiro episódio http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"final, banal"

Aquela agitação insana incomoda cada vez mais minha consciência. Por um momento desejei que aqueles descontrolados vingativos tivessem perdido a “batalha”. Eles marcham como se sob uma ideologia correta e pura, algo totalmente oposto a matar crianças indefesas. Suas vozes guturais surpreendiam até meus ouvidos cansados de bizarrices.

Eu encontro com Dália, Linda e o Açougueiro. Eu murmuro. “Eles vão matar as crianças”. Gritamos. Argumentamos. Os vingadores continuam destinados ao seu objetivo. Casa por casa a chacina acontece. Sangue brilhoso vaza pelas portas, todo aquele vermelho contrasta com a neve rareada do chão. Nem o castelo foi perdoado, os poucos guardas mortos assim como as crianças, os bens saqueados.

Pisar em fluídos de criaturas inocentes mancha minha alma. Minha repulsa por aqueles que há pouco ajudei cresce e cresce. Lembro que sem minha ajuda, a vitória não teria acontecido e a carnificina não haveria tomado forma. Como não consigo evitar essa tragédia, vou vingar a alma das crianças.

Fui com as únicas pessoas conscientes da vila para meus aposentos na estalagem, não podia continuar assistindo crianças morrerem com um sentimento de impotência no meu coração. Começo a traçar com eles planos de vingança. Poderia me aproveitar da confiança em mim depositada pelos monstros ali fora.

Com as mortes e os saques, as necessidades sexuais da minha amada pareciam estranhamente aflorar. Linda e o Açougueiro haviam descido para analisar a situação. Beijos. Abraços. Movimentos ágeis. Tudo isso, focando os olhos daquele anjo caído. Novamente seu cabelo faz cócegas em meu peito nu, talvez última vez, caso algo no plano desse errado.

Depois de a agitação geral acalmar, eu consegui reunir todos adultos na igreja. Começo a discursar. “Os ‘purificadores’ tiraram a vida dos filhos dos mais humildes! A justiça foi feita por nossas mãos, mãos trabalhadoras e honestas”. A palha seca e o chão molhado estrategicamente colocados na área da igreja não pareciam perturbar as pessoas.

“Porém suas mãos não são divinas. São mundanas e mortais, tiraram a vida de crianças inocentes. Eles devem ser purificadas pelo fogo!”. Nesse momento eu jogo uma tocha naqueles objetos do chão. Tudo entra tão rápido em combustão que quase fico sem ar. Eu fujo pela saída de trás do padre.

Grande parte do pessoal morreu queimada. O resto fugiu para a floresta, desesperado em busca de orientação e/ou água do lago mais próximo. Nisso, armadilhas perfeitamente instaladas pela habilidosa McAllister fazem-se valer. Flechas voam de armas nas mãos de meus únicos amigos da vila. As árvores se completam de um vermelho quente novamente.

Com tudo resolvido, decidimos nos separar. Linda iria para a Inglaterra, o Açougueiro tentaria a sorte numa pequena aldeia perto da Irlanda. Eu e Dália seguimos para Edinburgh. No caminho, encontramos o pequeno HankyFoot. Num momento de total perda de noção e ética, Dália vai conversar com ele querendo algo que não deveria. “Venha cá com a mamãe, você é meu filho”. “Não, minha mãe está morta”. “Exatamente”.

Então a viagem continua, num ritmo desapressado, com uma família andando comigo. Escócia, finalmente. Clarão.




quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

8º Episódio


Veja desde o primeiro episódio http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"vingança"

“Quem é você senhorita?”. “Não interessa. Tenho visto você por ai, investigando e pagando de bonzinho, mas nunca chegando a conclusões”. “Eu cheguei a conclusões sim. Eles esperam livrar a vila de gerações futuras dos pobres e sem linhagem. Acreditam numa purificação canibalesca e querem me matar desde que voltei para esta terra.”

Ela baixa a guarda e começa a conversar comigo. Nós nos afastamos daquele ritual grotesco com crianças morrendo e vamos para meu acampamento provisório. Sinto que ela ganha confiança em mim a cada palavra. Percebo que nós partilhamos de um mesmo objetivo.

Com um aceno e assobio pessoas tristes e mal-vestidas começam a aparecer e diferenciar-se do preto escuro da floresta à noite. Ela parecia liderar o “movimento” ou o que seja. Ela pronuncia palavras e idéias que inspiram os “participantes”. Corajosas as palavras eram, mas incitavam ações tolas. Eles planejavam algum tipo de ofensiva contra os purificadores.

O olhar da líder sugeria que eu ajudasse nas táticas. Faço planos, apesar de saber que minha experiência de batalha se limita ao básico e braçal. Teoricamente, invadiríamos a reunião e usufruiríamos assim do fator surpresa e do maior número. Faces sedentas por vingança apresentam-se diante de mim.

A movimentação começa. Os sentinelas inimigos avistam tochas brilhantes entre as árvores. As ações dos encapuzados evidenciam a nossa burrice em usar iluminação. Algo parecido com uma batalha tem início. Sangue para todo lado. Dentes, ossos, orelhas e braços enfeitam o chão.

As espadas e armas reforçadas dos adversários definitivamente são superiores aos porretes e facas de cozinha dos nossos soldados. Porém o sentimento de vingança e de “nada a perder” certamente sobrepõe o medo e o cagaço dos encapuzados. Estranhamente aquilo me confortava. A batalha sempre foi meu lar, nada mudaria isso.

A ausência das pessoas que realmente me protegem incomoda minha paz de espírito. Linda, o Açougueiro e Dália fazem falta no calor momentâneo de uma batalha, assim como faziam meus companheiros mortos na Cruzada da qual participei. A distração quase custa uma orelha, revido com uma espadada no olho. Glorfinder sempre ao meu lado.

A insanidade dos meus companheiros se intensifica. Após uma vitória significante eles se dirigem para o centro da vila gritando “olho por olho, dente por dente”. Eles iriam matar os filhos dos ricos. E aquilo eu não poderia permitir.


segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

7º Episódio


Veja desde o primeiro episódio http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"espreita"

Eles trazem tochas. Com o espaço iluminado, percebo vultos fugindo para a floresta. A mesma roupa de sempre, o mesmo capuz de sempre. O dono da costela perfurada ia devagar. Uma flecha atravessa o torço dele. Ele cai no chão. Aproximo-me para tirar o capuz. Encontro algo antigo. Um sorriso familiar. Um sorriso que cortou o pescoço de minha mãe.

Um golpe certeiro destrói aquela lembrança triste. O maxilar fica todo desfigurado. Mais um fantasma do passado fora do caminho. Começo a pensar que não há ideologia nesse grupo, apenas carnificina e canibalismo. Nos bolsos do antigo assassino encontro o de sempre, ouro, um pequeno brasão.

No bolso de dentro encontro um “lanchinho”. Aquilo que parecia ser um fígado humano está bem passado. O cheiro é nauseante. Posso distinguir umas mordidas. Urgh. Penso em vomitar. Isso me mostra como frágil estive nesses dias. A nostalgia me muda constantemente, para uma versão mais suave da minha mente.

Explico para Dália o verdadeiro motivo da minha vinda. Ela se recusa a acreditar que aquela era sua filha. Ela não chora, apenas tem certeza que não é sua filha. Aquela relutância me preocupava, já que a menina realmente era a filha dela.

Os purificadores já perceberam minha presença. Resolvo forjar uma viagem. O açougueiro, Dália e Linda espalham que eu fui embora. Refugio-me na floresta. Nas viagens em que necessitei a natureza pôde me oferecer tudo que eu precisasse, dessa vez não seria diferente.

A movimentação na área aumenta. Posso registrar mais e mais pessoas com capuzes. Mais até que o tanto de habitantes da vila. Dália faz visitas. Sua necessidade por sexo é regular. Não sei como ela vê esse ato suave, mas sei como eu vejo, sei o que significa para mim, o que é alguém me amar apesar do meu passado.

Começo a traçar a rotina dos participantes dessa falsa seita. Começo a traçar o perfil das crianças seqüestradas. Filhos de prostitutas, filhos de famílias de baixa renda, filhos de criminosos pobres. Consegui interceptar um participante. Escondi seu corpo embaixo de galhos. Encontrei um bilhete escrito “Reunião hoje depois do pôr do sol, vamos unir forças para concluir o nosso objetivo, limpar a Escócia do sangue-ruim”.

Resolvo comparecer a reunião. Coloco a vestimenta e vou para a vala aonde sempre iam várias pessoas. Lá, mantenho meu disfarce e não quebro a homogeneidade de capuzes e roupas pretas. O que vejo não me surpreende e me surpreende ao mesmo tempo. Sabia há tempos o que acontecia, mas não esperava naquela intensidade. Naquele momento algo toca minhas costas. Era uma adaga. “Não se mexa ou eu corto seu pulmão fora. Não duvide de uma escocesa que perdeu seus filhos.”






sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

6º Episódio



Veja desde o primeiro episódio http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"proteção"

Eu me aproximo cada vez mais. O tempo havia fechado e a lua não ilumina mais com o brilho habitual. Podia sentir a morte próxima de mim. Batidas na porta. “O que você quer?”. “O pequeno loiro está a salvo, você não”. Posso ouvi-lo trancar a porta por dentro. Naquela hora vejo a grande vantagem de viver num vilarejo sem autoridades. Arrombo a porta. Glorfinder entra primeiro refletindo a luz da única vela do cômodo.

Pés ligeiros. Braços e metal que já tiraram a vida de vários muçulmanos e mal-feitores, agora mutilam o corpo antes inteiro do padre. Saboreando a morte daquele pedófilo é que percebo o horror da cena. Em uma ponta do aposento, encontra-se o corpo de uma jovem menina, na outra ponta, a parte faltante. O pequeno rosto descansa sobre a mesinha. O corpo foi claramente abusado. Aquilo me causa asco.

Corto. Quebro. Distendo. O corpo do padre vai perdendo forma conforme minha raiva passa. Aquilo que já foi um corpo nojento que se aproveitava de crianças, agora é apenas um amontoado de carne e ossos irreconhecível. Os fantasmas do meu passado se foram. Minha alma está limpa. A minha volta à Escócia começa a fazer sentido.

Embrulho aquela pequenina cabeça numa toalha. Saio com ela para fora da casa. Coloco fogo na pequena cabana. Ela queima sozinha, atraindo a atenção dos moradores. Vou até a casa de Dália. Abro a porta sem aviso. “Dália, preciso contar uma coisa”. As palavras mal saem da minha boca e a mesma já está ocupada com outra coisa. “Depois você me conta, preciso de calor humano”.

Amor. Aquela volúpia me remete ao imaginário popular. A visão do humano de que o sexo é uma coisa apenas prazerosa, suja, me confunde. Como poderia algo tão sublime e leve alcançar tão baixos níveis de moral? Os movimentos se repetem até o fim da adrenalina. Novamente o cabelo dela faz cócegas no meu peito nu. Quando resolvo contar o objetivo principal da vista ouço agitação lá fora.

Batidas. Alguém tenta arrombar a porta. Dália foge pela saída secreta que leva à estalagem. Eu seguro firme o cabo da espada e apago as velas. Os sons indicam que a porta finalmente se abriu. Balanço minha espada de acordo com o que meus instintos treinados mandam. Meu tato diz que acertei alguém, provavelmente na costela. Continuo girando e atacando às cegas, até alguém me acertar.

Aquilo dói. Quando eles pensam em terminar o serviço, posso ouvir a ajuda chegando. O açougueiro arrastando seu porrete e seu machado, Linda atirando com sua besta. Esse apoio de última hora me protegeu não só fisicamente, como mentalmente. Agora tudo fazia sentido. Escócia, finalmente.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

5º Episódio



Veja desde o primeiro episódio http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"olhar"

Vozes. Abro os olhos. “Você é ruim pra cacete mesmo ein, perdeu pra uns magrelinhos de capuz. Sorte que o retardado do açougueiro chegou lá com um pessoal e umas tochas senão a gente tinha morrido”. Era a Linda. Suas pernas metálicas não a sustentavam mais, ela estava sentada numa cadeira ao lado de minha cama. Olho para o lado e vejo um defunto encapuzado do meu lado.

Mexo naquele pedaço de carne inanimado. Vasculho suas roupas, seus sapatos, sua bolsa. Encontro ouro e um pequeno brasão com um coelho de ouro decapitado. Seu corpo começava a feder. O sangue que tingiu sua roupa também se encontra na minha espada. Resolvo limpar a Glorfinder.

Cabeça lateja. Durmo. Ouço pisadas metálicas deixando o recinto. Durmo. Uma voz familiar me acorda. Era a Dália. Sua condição de ninfomaníaca ataca outra vez. Apesar de toda aquela ação feminina, o que continuava me encantando eram os olhos. Brilhosos. Encorajadores. Expressivos. Sensualmente delineados. Posso ver também a preocupação pelo filho. Tudo aquilo no tempo de uma piscada. Eu a amo. Sinceridade no rosto, nas ações, no jeito.

Desço no andar do bar. Sentado num banquinho, vejo o que procurava havia tempos. Os mesmos olhos azuis que me assombraram os sonhos. A quantidade exagerada de pessoas fofocando e badernando camufla minha presença na percepção daqueles sentinelas azuis.

Ele sai. Resolvo segui-lo. As andanças levam a casa do padre. Não sinto tanta surpresa quanto o bom senso designa. Ele mostra um pequeno brasão igual o do cadáver de mais cedo. O padre lhe concede entrada. Espero. Mais tarde o homem dos olhos azuis sai acompanhado de uma criança. O pequenino corpo que leva uma cabeleira loira é puxado para contra gosto.

Orla da floresta. O homem leva um pisão do menino. Ele se vira para revidar. A única coisa que encontra é a ponta de um pedaço de metal reluzindo a luz do luar. Decepo a cabeça dele. Inconscientemente murmuro “purificado”. A sra MacAllister se aproxima batendo suas pernas metálicas. “Você achou o filho dos HankyFoot”.

Casa dos HankyFoot. Batidas na porta. Uma fresta é aberta deixando um feixe de luz de velas sair. “Senhora, esse é seu filho?”. “Sim, muito obrigado por encontrá-lo, Deus mandou você para nos salvar desses seqüestros horríveis”. Sinto orgulho de mim mesmo, sentimento há muito esquecido.

Com o ego de pé e o corpo cansado. Sigo rumo a casa do padre.Quase lá percebo manchas vermelhas na janela. A adrenalina dispara nas minhas veias. Que Deus esteja do meu lado.