quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

5º Episódio



Veja desde o primeiro episódio http://invernocontraste.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"olhar"

Vozes. Abro os olhos. “Você é ruim pra cacete mesmo ein, perdeu pra uns magrelinhos de capuz. Sorte que o retardado do açougueiro chegou lá com um pessoal e umas tochas senão a gente tinha morrido”. Era a Linda. Suas pernas metálicas não a sustentavam mais, ela estava sentada numa cadeira ao lado de minha cama. Olho para o lado e vejo um defunto encapuzado do meu lado.

Mexo naquele pedaço de carne inanimado. Vasculho suas roupas, seus sapatos, sua bolsa. Encontro ouro e um pequeno brasão com um coelho de ouro decapitado. Seu corpo começava a feder. O sangue que tingiu sua roupa também se encontra na minha espada. Resolvo limpar a Glorfinder.

Cabeça lateja. Durmo. Ouço pisadas metálicas deixando o recinto. Durmo. Uma voz familiar me acorda. Era a Dália. Sua condição de ninfomaníaca ataca outra vez. Apesar de toda aquela ação feminina, o que continuava me encantando eram os olhos. Brilhosos. Encorajadores. Expressivos. Sensualmente delineados. Posso ver também a preocupação pelo filho. Tudo aquilo no tempo de uma piscada. Eu a amo. Sinceridade no rosto, nas ações, no jeito.

Desço no andar do bar. Sentado num banquinho, vejo o que procurava havia tempos. Os mesmos olhos azuis que me assombraram os sonhos. A quantidade exagerada de pessoas fofocando e badernando camufla minha presença na percepção daqueles sentinelas azuis.

Ele sai. Resolvo segui-lo. As andanças levam a casa do padre. Não sinto tanta surpresa quanto o bom senso designa. Ele mostra um pequeno brasão igual o do cadáver de mais cedo. O padre lhe concede entrada. Espero. Mais tarde o homem dos olhos azuis sai acompanhado de uma criança. O pequenino corpo que leva uma cabeleira loira é puxado para contra gosto.

Orla da floresta. O homem leva um pisão do menino. Ele se vira para revidar. A única coisa que encontra é a ponta de um pedaço de metal reluzindo a luz do luar. Decepo a cabeça dele. Inconscientemente murmuro “purificado”. A sra MacAllister se aproxima batendo suas pernas metálicas. “Você achou o filho dos HankyFoot”.

Casa dos HankyFoot. Batidas na porta. Uma fresta é aberta deixando um feixe de luz de velas sair. “Senhora, esse é seu filho?”. “Sim, muito obrigado por encontrá-lo, Deus mandou você para nos salvar desses seqüestros horríveis”. Sinto orgulho de mim mesmo, sentimento há muito esquecido.

Com o ego de pé e o corpo cansado. Sigo rumo a casa do padre.Quase lá percebo manchas vermelhas na janela. A adrenalina dispara nas minhas veias. Que Deus esteja do meu lado.

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